
Quando vamos nos identificar para alguém, qual a primeira coisa que dizemos a nosso respeito? Já parou para observar que o nosso trabalho faz parte da nossa identidade? Ele faz parte da nossa natureza, e através dele, vamos construindo o mundo e nos construindo junto com todo o processo, assim como a nossa identidade e a nossa subjetividade. Tal construção pode ser prazerosa quando há um ambiente amistoso e nos identificamos com ele, mas também pode ser desencadeadora de sofrimento e adoecimento.
O burnout é um estado de esgotamento físico, emocional e mental que decorre da exposição prolongada ao estresse em ambientes de trabalho ou em situações de alta responsabilidade. Este fenômeno é cada vez mais reconhecido como uma questão de saúde mental, afetando profundamente a qualidade de vida dos indivíduos, assim como a produtividade nas organizações e a economia de um modo geral.
Originado na década de 1970 pelo psicólogo Herbert Freudenberger, o termo "burnout" inicialmente se referia ao desgaste emocional de profissionais de saúde. Com o passar do tempo, sua definição se expandiu, abrangendo diversas profissões e contextos, como a maternidade e o cuidado de familiares. O burnout não é apenas um problema de trabalho, mas um desafio enfrentado por muitos em suas vidas pessoais. Eu posso falar mais um pouco sobre burnout parental em um outro momento.
Para Samra (2019), os seis principais fatores de risco para o esgotamento profissional são a sobrecarga de trabalho, o controle limitado, a falta de recompensas, situações de injustiça, conflito de valores e a falta de senso de comunidade no ambiente de trabalho. E isso é evidenciado por alguns exemplos existentes
Os sintomas do burnout são variados e podem incluir fadiga crônica, falta de motivação, irritabilidade, dificuldade de concentração e um sentimento de ineficácia. Esses sinais podem levar a um estado de desconexão emocional, onde o indivíduo se sente distante, criando um ciclo vicioso de estresse e insatisfação com relação à vida.
O impacto do burnout vai além do indivíduo, afetando a dinâmica familiar, a cultura organizacional e a economia como um todo. De acordo com a pesquisa da Isma-BR e da consultoria Betânia Tanure Associados de 2020, o Burnout custa em média 80 bilhões de dólares ao Brasil e 300 bilhões de dólares aos Estados Unidos. Os gastos são com custos médicos, baixa produtividade, absentismo, turnover, passivos trabalhistas e orçamentos para treinamentos de novos profissionais. Não foram encontrados dados mais recentes.
Para prevenir e tratar o burnout, é essencial reconhecer os sinais precoces e buscar apoio. Estratégias como o autocuidado, a prática de atividades físicas, a meditação e a terapia são eficazes na recuperação. Estabelecer limites saudáveis e priorizar o tempo para si mesmo também são fundamentais para restaurar o equilíbrio.
Além disso, as organizações desempenham um papel importante na promoção de ambientes de trabalho saudáveis. Políticas que incentivem o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, com respeito aos profissionais, bem como programas de bem-estar, podem ajudar a mitigar os efeitos do adoecimento.
Em suma, o burnout é uma questão complexa, de saúde pública, que demanda atenção e cuidado. Reconhecer seus sinais e buscar ajuda é o primeiro passo para a recuperação. Não hesite em procurar apoio profissional para lidar com essa situação e retomar o controle sobre sua vida e bem-estar.
SAMRA, Rajvinder. Existe uma solução para o 'burnout' da geração millennial?. BBC News, 2019. Disponível em <"https://www.bbc.com/portuguese/vert-cap-47273077"> in RIBEIRO, Vinícius. Síndrome de Bournout, Economia Comportamental e Corporativismo: O Uso das Novas Teorias para Melhora de Produtividade. Revista de Economia Regional Urbana e do Trabalho Volume 11, Número 2 (2021).
CORREIA, Beatriz. De burnout a depressão: doenças psicológicas ligadas à vida profissional. Revista Exame, 2020. Disponível em <"https://exame.com/carreira/de-burnout-adepressao-doencas-psicologicas-ligadas-a-vida-profissional/">
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