A Essência do Product Discovery

Product Discovery é o processo pelo qual as equipes de produto identificam, avaliam e definem oportunidades de seus produtos ou recursos antes de decidir desenvolvê-los. O principal objetivo é garantir que a empresa invista apenas em produtos ou recursos que atendam às necessidades reais do usuário, ofereçam valor ao negócio e sejam viáveis do ponto de vista tecnológico.

Em um mercado saturado, o risco de criar produtos sem uma pesquisa prévia é alto. O Product Discovery surge como uma forma de minimizar esse risco, garantindo que os recursos da empresa sejam investidos corretamente e que os produtos desenvolvidos realmente ressoem com seu público-alvo.

"Se você tem um produto fantástico, mas ainda está buscando descobrir que problema ele resolve, você está fazendo alvo ao tiro." Andressa Chiara

Assim, ao invés de investir tempo e recurso na construção de um produto apenas com base em uma ideia ou suposição, o Product Discovery permite que as equipes validem hipóteses, entendam as necessidades do usuário e tomem decisões de investimento mais assertivas, pois, como observamos muitas vezes, um dos maiores desafios é evitar o viés de confirmação, ou seja, procurar por informações que confirmem uma ideia preconcebida em vez de realmente ouvir o que os usuários têm a dizer. Também é desafiador garantir que toda a equipe esteja alinhada e comprometida com as descobertas do processo.

Etapas comuns do Product Discovery:

As ferramentas e métodos de Product Discovery variam, mas podem incluir entrevistas com usuários, sessões de brainstorming, mapas de empatia, testes A/B, prototipação rápida e muitos outros. A escolha da ferramenta certa depende das necessidades do projeto e do estágio do processo, e com elas passamos normalmente pelas seguintes etapas:

1. Definição do problema: Identificar um problema específico que o usuário enfrenta ou uma necessidade que não está sendo atendida.

2. Pesquisa e Entrevistas com usuários: Interagir com usuários reais para entender suas necessidades, dores e expectativas.

3. Ideação: Fase criativa onde são geradas várias ideias de solução para o problema identificado.

4. Prototipação: Criação de versões iniciais do produto para testar e iterar rapidamente.

5. Validação e definição de critérios de sucesso: Estabelecer métricas ou indicadores que mostrarão se a solução é bem-sucedida, para ajuda na decisão após os usuários realizarem a interação com os protótipos e fornecerem os feedbacks, ajudando a equipe a refinar e melhorar a solução.

6. Decisão: Com base nas informações coletadas, decidir seguir em frente com o desenvolvimento ou revisitar a ideia.

Erros Comuns no Product Discovery:

O Product Discovery não é um processo isolado, as descobertas devem ser fluidas e integradas à fase de desenvolvimento do produto, garantindo que os insights e validações guiem as decisões de design e engenharia.

Por isso, devemos evitar preconceitos e garantir que o feedback do usuário seja realmente levado em consideração, o que pode ser desafiador. Além disso, há sempre uma tensão entre gastar mais tempo no Discovery e avançar para o Desenvolvimento. Encontrar o equilíbrio certo é fundamental.

Além dos desafios e erros mencionados, devemos também ter em mente os seguintes cuidados:

1. Product Discovery e Product Development: Product Discovery e Product Development são duas faces da mesma moeda. Enquanto o Discovery foca em "fazer o produto certo", o Development foca em "fazer o produto da maneira certa". As descobertas do processo de Discovery guiam as decisões de desenvolvimento, assegurando eficiência e relevância.

2. Não envolver usuários reais: Muitas empresas baseiam suas decisões em suposições ou opiniões internas, sem consultar os usuários finais. Isto pode levar ao desenvolvimento de produtos que não atendem às necessidades reais do mercado.

3. Pular etapas: Algumas equipes podem sentir-se tentadas a acelerar o processo de descoberta, pulando etapas essenciais como a pesquisa de usuários ou a prototipagem. Isso pode resultar em conclusões imprecisas.

4. Não definir critérios de sucesso claros: Sem métricas claras, torna-se difícil medir o sucesso de um produto ou saber se ele atendeu às expectativas.

5. Adotar uma mentalidade fechada: Estar muito apegado a uma ideia específica e não estar disposto a "pivotar" com base em feedback pode ser prejudicial. O processo de descoberta deve ser flexível.

6. Confundir soluções com necessidades: Em vez de identificar o problema real que o usuário enfrenta, as equipes podem ficar presas a uma solução específica desde o início, limitando a inovação.

7. Desconsiderar limitações técnicas: Ignorar as restrições técnicas que podem levar a ideias que não são viáveis de serem implementadas, desperdiçando tempo e recursos.

8. Spike x Product Discovery: conceitos utilizados no desenvolvimento de produtos, mas servem para propósitos distintos e são aplicados em diferentes etapas do processo. Vamos detalhar cada um deles e esclarecer suas diferenças:

	SPIKE	DISCOVERY
Definição	Spike refere-se a uma tarefa de pesquisa que tem como objetivo responder a uma pergunta ou resolver uma incerteza técnica.	Product Discovery é o processo pelo qual as equipes identificam, avaliam e definem oportunidades de produtos ou recursos antes de decidir desenvolvê-los.
Propósito	O principal propósito de um spike é adquirir o conhecimento necessário para reduzir a incerteza em um aspecto técnico do produto. Pode ser algo relacionado a uma nova tecnologia, arquitetura ou a uma funcionalidade que a equipe não tem certeza de como implementar.	O objetivo principal do Product Discovery é garantir que a empresa crie produtos ou recursos que atendam às necessidades e desejos dos usuários, ofereçam valor ao negócio e sejam viáveis tecnicamente.
Características	Temporário e de curto prazo: Um spike geralmente tem uma duração limitada. Focado em questões técnicas: Os spikes são frequentemente usados para resolver dúvidas técnicas ou explorar soluções para problemas técnicos. Não produz funcionalidades para o usuário final: O resultado de um spike pode ser um protótipo, um relatório, um pedaço de código ou qualquer outro artefato que ajude a equipe a tomar uma decisão.	Iterativo: O processo de Discovery é repetido até que se tenha confiança suficiente nas decisões tomadas. Pode levar mais tempo, dependendo da complexidade e escopo do produto ou recurso em consideração. Centrado no usuário: Envolve pesquisa de mercado, entrevistas com usuários, testes de usabilidade e outras técnicas para entender as necessidades e desejos dos usuários e no valor do negócio. Resulta em decisões sobre o desenvolvimento de um produto ou recurso: Com base nas descobertas, as equipes decidem se devem seguir em frente com o desenvolvimento, "pivotar" ou abandonar a ideia.

O Product Discovery é um processo essencial para desenvolver produtos bem-sucedidos que atendam às necessidades do usuário e do negócio, ou seja, ajudará na definição de qual direção você seguirá e os escopos dos novos produtos. Evitar os erros comuns e abordar a descoberta com uma mente aberta e centrada no usuário pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de um produto.

O Product Discovery não é apenas uma moda passageira no mundo dos negócios, mas sim uma metodologia estratégica que permite às empresas criar produtos mais relevantes, eficientes e bem-sucedidos no mercado. Adotar essa abordagem é investir na satisfação do cliente e no sucesso a longo prazo.

Assim no mundo contemporâneo dos negócios, onde a falha é cara e a concorrência é feroz, o Product Discovery é mais do que uma metodologia - é uma necessidade. Ao centrar-se nas necessidades do usuário, as empresas estão melhor posicionadas para criar produtos que não apenas atendem, mas encantam e retêm clientes. Desta forma, a implementação eficaz pode requerer treinamento, prática e, em alguns casos, uma mudança de mentalidade. Mas os benefícios, em termos de produtos mais bem-sucedidos e clientes mais satisfeitos, são imensuráveis.

Referência bibliográfica

CHIARA, Andressa. O Produto Agil: Product Discovery: Guia sucinto para criar um produto em um ambiente de agilidade, Editora: Andressa Chiara; 3ª edição, setembro 2018, p.4

Revisão: Fernanda Baqueiro